Uma consultoria de investimentos, em todo processo de criação de uma carteira, tem como primeiro passo, e provavelmente um dos mais importantes, definir quais ativos estarão presentes para formar uma carteira diversificada. Para responder essa questão, uma das abordagens utilizadas no mercado financeiro é a análise fundamentalista, que tira muito proveito do Modelo de Qualificação Econômico-Financeira.
A análise fundamentalista nada mais é do que uma análise de índices financeiros. Com esta análise, a consultoria de investimentos pode comparar o desempenho e a situação de uma empresa, em relação a outras ou com a média do setor ao qual ela pertence.
Este modelo de análise é muito utilizado por acionistas, credores e a própria direção da empresa, pois serve para vários propósitos. Por exemplo: os administradores irão utilizar as informações para monitorar e acompanhar o progresso financeiro da empresa, enquanto os analistas financeiros a utilizam para identificar as melhores ações, tanto para compra quanto para venda.
A análise por meio de índices financeiros não está restrita somente às formulas necessárias para se desenvolver estes índices. O detalhe mais importante para o desenvolvimento de uma análise por uma consultoria de investimentos está na interpretação dos seus valores. É necessário desenvolver estas interpretações para responder a questões como se está muito alto ou muito baixo, ou se está bom ou ruim.
Como a análise fundamentalista encontra respostas?
Para essas questões, existem dois tipos de comparação de índices que podem ser utilizados: Análise de série temporal e análise cross-sectional, ou também conhecida como análise vertical.
A análise de série temporal é aplicada quando um determinado analista gostaria de entender o desempenho da empresa ao longo do tempo, ou seja, uma simples comparação entre o momento atual e o passado da empresa. Esta análise é satisfatória para responder à questão de a empresa estar ou não progredindo conforme o planejado e o esperado. A comparação dos índices, passados e atuais, em conjunto com índices de análise e demonstrações projetadas, pode e deve revelar quaisquer discrepâncias ou um otimismo exagerado por porte dos administradores.
Já a análise cross-sectional está ligada à comparação dos índices financeiros de diferentes empresas, ou a comparação de uma empresa em relação à média de um determinado setor. O objetivo é detectar quaisquer desvios de determinado índice em comparação com o índice padrão (média do setor). As comparações dos índices em relação às suas médias padrão vão refletir os sintomas de um determinado problema e não o problema em si. O problema deverá ser avaliado pelos analistas das empresas. Cabe ao analista financeiro entender que estas mudanças em comparação à média poderão, junto com outros indicadores, servir de base para se descartar a compra de um determinado ativo ou para a venda a descoberto deste ativo, por exemplo.
O modelo de Qualificação Econômico-Financeira
Passados por esta pequena introdução sobre alguns detalhes da análise fundamentalista, iremos agora abordar um modelo de Qualificação Econômico-Financeira.
Por meio de índices, que iremos ver logo adiante, notaremos que, de forma isolada, será possível entender o que está bem e o que está mal em uma determinada empresa. Acima disso, é necessário entender como está a empresa de forma mais macroeconômica: olhar e entender o todo da empresa.
Em seu livro, Kassai Et Al. (2005, p. 131) afirma que para, o analista não se sentir perdido em meio às suas análises devido a um grande volume de índices, muitas vezes contraditórios, ele deverá dispor estas informações em grupos ou modelos específicos, que possam procurar e investigar a situação da empresa sobre enfoques mais variados. Deste modo, adentraremos nos modelos de Qualificação Econômico-Financeira, que servirá como base para estabelecer uma nota global para a empresa e assim este conceito deverá ser aplicado nas outras empresas do setor e, por fim, comparados das formas como passamos no inicio deste artigo, análise de série temporal e análise cross-sectional.
Os indicadores do modelo
Mas antes, para que possamos desenvolver a análise através do modelo de Qualificação Econômico Financeira, precisamos entender e saber quais indicadores deveremos usar. Os indicadores serão:
- Produtividade;
- Liquidez Geral;
- Liquidez corrente;
- Capitalização;
- Imobilização do Capital Próprio ou Patrimônio líquido.
O indicador de Produtividade é retirado da seguinte fórmula:
Receita liquida
Ativo total – Investimentos
Quanto maior o valor para este indicador, melhor. Ele aponta quantas vezes o ativo da empresa se renovou, ou seja, quantas vezes ele se transformou em capital.
O indicador de Liquidez Geral pontua a capacidade de pagamento da empresa, tanto para dívidas de curto, para de longo prazo. O resultado, quanto maior, será melhor para a empresa e a formula para este indicador é dada por:
Ativo circulante + Ativos realizável a Longo Prazo
Passivo circulante + passivo não circulante
O indicador Liquidez Corrente está entre os indicadores mais populares. Ele mostra a capacidade que uma empresa tem para pagamentos de curto prazo. Este indicador, quanto maior for o resultado dele, melhor. Índices de liquidez correntes com valores superiores, de uma forma geral, são bem positivos. A formula para este indicador é dada por:
Ativo circulante
Passivo circulante
O indicador de Capitalização é dado pela fórmula:
Patrimônio Líquido
Ativo Total
Por fim, o nosso último indicador é o de Imobilização do Patrimônio Líquido. Ele mede o quanto do patrimônio líquido foi aplicado nos seguintes subgrupos: intangível, imobilizado e investimentos. Também indica o antigo permanente das empresas. Para este indicador, quanto menor, melhor. A fórmula é dada por:
Investimentos + Imobilizado + Intangível
Patrimônio Líquido
Desta forma, já temos todos os indicadores necessários para nosso modelo de Qualificação Econômico-Financeira. Vamos utilizar dados de uma empresa fictícia para o desenvolvimento dos cálculos. Abaixo, seguem os dados da Empresa Modelo 001. Em seguida, obteremos uma avaliação geral da empresa através de um único número, que varia de 0 até 10, sendo obtido pela ponderação dos indicadores. Vamos desenvolver o estudo sobre a data 31/12/2000.
Com base nestas informações, chegaremos aos seguintes valores:
Indicadores | |
Produtividade | 0,56 |
Liquidez Geral | 0,67 |
Liquidez Corrente | 1,58 |
Capitalização | 40,59% |
Imobilização do Capital Próprio | 148% |
Em seguida, é necessário utilizar a tabela de Avaliação que segue abaixo:
Por fim, construímos a tabela final: deste modo, utilizando os cálculos cheguemos ao valor de cada indicador e ponderemos os mesmos, somando as ponderações para encontrar o valor da empresa.
Temos agora a nota da nossa empresa-modelo. O valor de 4,00 deverá ser comparado com ela mesma, em exercícios anteriores e até a projeções futuras. Depois, também poderá ser feita a análise das outras empresas do mesmo setor. Por fim, podemos encontrar a média do setor e, assim, avaliar a empresa através de uma análise cross-sectional.
Conclusões sobre o modelo de análise fundamentalista
Este modelo é bem simples de ser utilizado e, claro, existem outros bem mais complexos e geralmente existem uma série de adaptações que podem ser implementadas. Este modelo de trabalho não é simples e nem rápido de ser realizado: imagine desenvolver estudos, até mais complexos como este, para todas as empresas listadas na nossa bolsa.
Acreditamos que este artigo pode trazer um pouco do dia a dia da nossa equipe. A análise fundamentalista é uma pequena parte da análise por trás de cada decisão tomada pela nossa equipe de consultores. Junta-se a isso todo o processo de análise macroeconômica, otimização de portifólio, proteção da carteira em momentos de crise, atendimento pessoal e o conhecimento de anos de mercado, temos então a fórmula de sucesso que vem sendo aplicada pela equipe de consultores da Althis Soluções Financeiras no atendimento de todos os nossos clientes.