Volatilidade do Ibovespa em época de eleição

Quem nos acompanha em nossas redes sociais está, mês a mês, nos ouvindo ou vendo falar sempre as mesmas coisas: “este mês, vemos mais uma alta volatilidade do mercado”, “pode ser passageira, mas vale atenção, calma e proteção da carteira de renda variável”, só para exemplificar.

Muito disso vem ocorrendo, principalmente, devido a fatores como:

  • Desvalorização do Real;
  • Altos índices de inflação interna;
  • Altos índices de inflação nos EUA;
  • Elevação das taxas de juros, nacionais e internacionais;
  • Pressão nos preços das commodities;
  • Ano de eleição aqui no Brasil.

Todos esses são pontos que sempre vão influenciar na valorização ou desvalorização do principal índice da nossa bolsa, ou seja, o Índice Bovespa. Antes de mais nada, para vocês terem uma ideia melhor de todo este movimento, vejamos como estávamos nos seis primeiros meses de 2022 no fechamento do Ibovespa.

  • Em janeiro, a bolsa estava em 112.144 pontos;
  • Fechando fevereiro, ficamos em 113.142 pontos;
  • Em março, fomos perto da casa dos 120 mil, batendo 119.999 pontos;
  • Já no mês de abril, ficamos em 107.879 pontos;
  • No mês de maio, por sua vez, fechamos com mais uma alta leve em 111.351 pontos;
  • Por fim, no mês de junho, alta volatilidade jogou o índice para 98.542 pontos.

Este vai-e-vem no mercado acionário vem se mostrando, não inesperadamente, como o grande desafio a ser batido pelos gestores, consultores e especialistas do mercado financeiro. Não é uma tarefa fácil. Muito pelo contrário, é um grande desafio e requer paciência, expertise e conhecimento do mercado, bem como um pouco de conhecimento da história do nosso mercado.

Histórico da volatilidade em períodos eleitorais

Em anos eleitorais, é comum o aumento razoável nos índices de volatilidade da bolsa brasileira. Este movimento sempre ocorreu. Com maior ou menor impacto, mas sempre ocorreu.

Lá em 2002, ano da primeira eleição de Lula, por exemplo, tivemos a maior variação da bolsa brasileira nos períodos de eleição. Isso se explica devido a grande dúvida dos investidores em relação ao modelo de governo que seria adotado pelo agora ex-presidente e também por seus ministros. A volatilidade no mercado no ano de 2001 ficou na faixa de 34,3%. No ano em que o Lula ganha e eleição, a volatilidade do mercado chegou a 36,38%. ´´Compreensível, visto que existia uma grande incógnita na cabeça de todos sobre como seriam os próximos anos da economia nacional.

Já no ano seguinte, em 2003, os valores do índice de volatilidade caíram bem, ainda que se mantendo um pouco altos em comparação com anos futuros, ficando na casa dos 23,05%. Podemos ver isso na tabela abaixo:

Volatilidade 200134,30%
Volatilidade 200236,38%
Volatilidade 200323,05%

A volatilidade é resultado de incertezas

As eleições seguintes apresentaram, portanto, índices de volatilidade ainda menores quando comparados ao período de 2002. Os investidores já conheciam o modelo seguido pelo governo Lula. Sendo assim, no ano de 2005, pré-eleição, tivemos uma volatilidade de 25,86%, com uma queda no ano de eleição 21,43% em 2006 e o ano seguinte apresentou mais uma queda, batendo em 15,00% de volatilidade da bolsa brasileira naquele ano.

Para as eleições seguintes estávamos em um momento diferente. O mercado mundial sofria com a crise dos subprimes e aqui no Brasil, apoiado em políticas de crédito facilitado e incentivo ao consumo interno, passamos por este momento com menos sofrimento do que outros países ao redor do mundo. Entretanto, isso seria cobrado em anos mais adiante. Lula traria para o seu lugar Dilma Rousseff e os números naqueles anos ficaram como segue:

Volatilidade 200920,06%
Volatilidade 201018,92%
Volatilidade 201116,93%

Novamente, sempre vemos a volatilidade do mercado aumentar em anos pré e de eleição, para em seguida vir um ano bem mais calmo.

Nem toda crise é tão feia quanto parece

Ainda que as eleições tenham sido conturbadas de 2014, elas refletiram em uma volatilidade padrão para o mercado financeiro. Isso mesmo, não houve nada fora da média e fechamos os anos daquele período conforme segue:

Volatilidade 201315,30%
Volatilidade 201422,42%
Volatilidade 201520,42%

Surpreendentemente, não tivemos picos de alta volatilidade. O mercado foi caindo durante o período de eleição e nos anos seguintes, muito devido, principalmente, a todos os problemas envolvendo investigações da Lava Jato e um fraco desempenho da economia nacional. Foi quando passamos por um dos piores momentos no mercado financeiro, até chegarmos a 2020. Este ano é um caso à parte, que falaremos em outro momento.

Chegamos, enfim, ao nosso momento atual. A volatilidade do ano de 2021 apresentou valores de 15,41%, um dos menores valores ao se comparado com anos pré-eleitorais. Já o ano de 2022, até meados do mês de julho, nos mostra valores bem mais elevados. Entretanto, estamos com uma volatilidade na casa de 25,61%, ainda menores do que os anos de 2002 e de 2005. Mas levando em consideração as eleições anteriores, estes são valores consideráveis, o que nos mostra o desafio do momento. Está claro para todos. Não estamos em um momento fácil, mas quem disse que o mercado financeiro nacional é fácil de entender, de lidar e de vivenciar?

Hora de olhar para frente

Desafios, inegavelmente, são o nosso dia a dia. Portanto, nosso objetivo com esse texto e mostrar o que faz parte da nossa história, do nosso trabalho e que por mais que seja complicado, como foi em outros momentos, vai passar. Passamos pelo período da Covid, saímos fortes dele e logo estaremos passando por mais um período de eleição com alta volatilidade. Em conclusão, lembremos que períodos de alta volatilidade nos apresentam grandes oportunidades no mercado financeiro e sempre podemos pensar em um modelo de controle de risco e hedge para nossas carteiras de investimentos.

Um abraço a todos e até mais.

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