Como chegamos à moderna teoria de carteiras e análise de investimentos

A moderna teoria de carteiras e análise de investimentos remonta a Markowitz (1952). Por meio de um artigo, considerado um clássico representante da Teoria Financeira, o autor nos apresentou um modelo. Este modelo, em resumo, tinha como base a diversificação dos ativos por meio da sua combinação. Para isso, levava em conta que estes não fossem perfeitamente correlacionados.

Ele tem como base inicial a premissa de que os investidores, na maioria dos casos, preferem a diversificação de suas aplicações, ao invés de realizar a concentração destas em um determinado e único tipo de aplicação.

Naquele momento, Markowitz desenvolveu um modelo de escolha de carteira que tinha como base central a escolha pela análise de duas variáveis:

  • Média;
  • variância.

A média é uma das medidas centrais mais utilizadas. Existem vários tipos de médias, mas, sem dúvida, as mais utilizadas são a média simples e a média ponderada.

Obtém-se a média pela soma de todos os elementos do conjunto, dividida pela quantidade de elementos do conjunto.

Podemos mencionar, só para exemplificar:

A idade dos funcionários do departamento de vendas de uma empresa são 28, 30, 29, 31, 32, 33 e 34 anos. Sabendo que temos 7 funcionários, então temos a aplicação da forma conforme segue:

Assim sendo, a idade média dos funcionários é de 31 anos.

Mais contribuições de Markowitz

A outra medida utilizada por Markowitz era a covariância. Esta é uma medida onde é possível realizar a comparação entre duas variáveis, permitindo, deste modo, entender como elas se relacionam entre si. Esta medida é frequentemente utilizada para avaliar se o comportamento do preço de um ativo A aumenta ou diminui quando um ativo B tem um aumento em seu preço.

Markowitz adotou a covariância para compreender a direção da relação entre os ativos. Os valores de covariância positivos indicam que valores acima da média de uma variável estão conectados a valores acima da média de outra variável. Igualmente, valores negativos da covariância indicam que valores abaixo da média de uma variável estão conectados com valores acima da média de outra variável.

Basicamente isso mostra que, quanto mais positivos forem os valores da covariância, os ativos andam para o mesmo lado. Ao mesmo tempo, quanto mais negativo for o resultado da covariância, os ativos têm comportamentos diferentes, um indo para um lado e o outro indo para o outro lado.

Desenvolvendo o conceito da moderna teoria de carteiras

Sharpe (1964) desenvolveu estudos onde acrescenta, ao modelo de Markowitz (1952), novos conceitos que poderiam simplificar os cálculos, o que de fato permitiu obter-se uma grande aceitação, devida a facilitação operacional permitida.

O mesmo autor ainda apresenta os conceitos de carteira de mercado e também de investimento sem risco. Este último é também chamado de taxa de juros livre de risco. Ela é uma ferramenta muito importante, referente, principalmente, à análise de determinado investimento com risco. Entretanto, o retorno do investimento com risco deve ser superior ao retorno apresentado pelo investimento sem risco.

Sharpe (1964) apresentou a taxa livre de risco como uma base a se levar em conta para a formação da estrutura das taxas de retorno, fazendo uso dos títulos do Governo Federal como o primeiro componente de nível para se formar a estrutura que daria início as taxas de retornos analisadas.

Em um segundo momento, Sharpe (1964) desenvolve um novo pensamento, a carteira de mercado, com o propósito de poder representar todos os títulos de um determinado mercado do ponto de vista do seu risco, levando-se em conta a participação proporcional de cada ativo dentro desta carteira. Essa fração proporcional estaria baseada no valor individual de cada ativo perante o mercado.

Este modelo se apresenta como a carteira com o maior nível, possível, de diversificação, onde também está se levando em conta apenas as variações dos retornos em consequência do risco que não são passíveis de diversificação. Com esses dois conceitos, Sharpe desenvolve um novo modelo que se apresenta mais eficiente do que o seu antecessor, este modelo fica conhecido como CAPM.

Sobre o modelo CAPM, falaremos mais em um outro momento.

A moderna teoria de carteiras no século 21

Outros autores, por exemplo Lamb (2001), apresentam o risco de uma determinada carteira. Com isso, trata do risco total como um risco não diversificável e um risco diversificado. Se o risco diversificável tende a corresponder ao efeito das variâncias dos ativos de forma individual, por outro lado o risco não diversificável tende a corresponder ao efeito das covariâncias entre todos os ativos.

No pensamento e estudo de Lamb (2001), o risco da carteira tende a cair. Para isso, é necessário aumentar o número de títulos, levando-se em conta que estes estejam correlacionados perfeitamente de forma negativa. Dessa forma, se leva a uma redução da representatividade das variâncias dos títulos individuais presentes no risco da carteira.

O risco aqui chamado como não diversificável relacionado, como já citado, aos efeitos apresentados pelas covariâncias, não apresenta uma forma de diversificação. Sendo assim, em determinada carteira, onde os seus retornos são correlacionados de forma negativa, o único risco realmente importante para a carteira é o não diversificável.

Com isso, fechamos nosso episódio sobre moderna teoria de carteiras. Logo, conhecemos um pouco mais sobre a importância da média e, principalmente, da covariância para se elaborar uma carteira de investimentos realmente diversificada.

Nós precisamos deixar bem claro, contudo, que o conceito de correlação entre os ativos é de extrema importância para a aplicação e o desenvolvimento das carteiras eficientes. O detalhe a se atentar e de grande importância, portanto, é que os ativos podem e devem ser combinados de maneira que a carteira que daí surja apresente menos riscos do que o desvio padrão apresentado em quaisquer dos ativos presentes de forma individual, junto a isso evitando quaisquer perdas no retorno esperado.

Nos vemos na próxima e até mais.

Leia mais sobre a moderna teoria de carteiras aqui.

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